Evento deu continuidade às discussões iniciadas na primeira etapa e reuniu munícipes, técnicos e gestores

A Câmara Municipal de Limeira, por meio da Comissão de Meio Ambiente e da Escola Legislativa Paulo Freire, realizou na quarta-feira, 12 de novembro, o segundo encontro da capacitação “Água e Futuro – Gestão de Recursos Hídricos”, no Plenário Vereador Vitório Bortolan. O evento deu continuidade às discussões iniciadas na primeira etapa e reuniu munícipes, técnicos e gestores interessados na preservação e uso sustentável da água. O evento foi transmitido ao vivo, confira a íntegra neste link.
Clima, chuvas e impactos ambientais
O primeiro palestrante da noite foi o professor Hiroshi Paulo Yoshizane, especialista em hidrologia, meteorologia e geociências. Ele abordou as mudanças climáticas observadas nos últimos anos e as variações repentinas do tempo, com destaque para os diferentes tipos de chuvas, chuvas convectivas, de verão e localizadas, de grande intensidade e curta duração.
Hiroshi também discutiu anomalias históricas relacionadas ao regime de chuvas e relembrou a crise hídrica de 2014, que afetou fortemente o Sudeste e vem apresentando ciclos de repetição a cada quatro anos. Segundo ele, o ressecamento do solo e a falta de acúmulo de água são consequências diretas do desmatamento e da perda de áreas de recarga hídrica.
Durante a palestra, o professor apresentou dados do Balanço dos Índices de Chuvas até 24 de dezembro de 2014, obtidos em estudos realizados por ele na Unicamp, destacando que as precipitações abundantes registradas naquela época não se repetem com a mesma frequência hoje, o que pode levar a novos períodos de escassez se ações de preservação da Bacia do Pinhal não forem intensificadas.
Hiroshi também comentou eventos recentes, como o tornado ocorrido no Paraná, para ilustrar as transformações rápidas e extremas do clima, alertando para a necessidade de políticas públicas de mitigação e adaptação.
Propostas e soluções para a gestão da água
Na sequência, o professor Jaime Franco, sociólogo formado pelo Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira (ISCA), apresentou a segunda palestra da noite. Ele trouxe propostas práticas para garantir o abastecimento futuro e minimizar os impactos da estiagem, mostrando vídeos comparativos do Mirante de Piracicaba, que evidenciam a redução do volume de água e o aparecimento de pedras antes submersas.
Jaime abordou ainda a situação dos rios Jaguari e Atibaia, discutindo a estabilidade das represas e as consequências da falta de controle sobre essas estruturas. Segundo ele, intervenções mal planejadas, como construções irregulares e o avanço de chácaras de recreio, com sistemas de fossa sem análise técnica adequada, contribuem para a contaminação do solo e dos mananciais da Bacia do Pinhal.
Entre as medidas defendidas pelo professor estão: o fortalecimento de cooperativas e do circuito rural; o incentivo ao ecoturismo de negócios e à educação ambiental; o monitoramento e desassoreamento das represas; a recomposição da mata ciliar; os novos represamentos planejados e maior fiscalização das atividades que impactam os recursos hídricos.
Jaime destacou, ainda, problemas recorrentes em pontos críticos, como a estrada da Balsa, onde o escoamento intenso das chuvas causa erosão e prejuízos ambientais. Para ele, a soma de esforços entre o poder público, a comunidade e os técnicos é essencial para a preservação das águas e do meio ambiente.