Em reunião com vereadores, secretário de Meio Ambiente alerta que esse tipo de medida é paliativa para procriação de animais na rua
“A solução está na educação”, destacou o secretário de Meio Ambiente e Agricultura, Paulo Trigo, durante a reunião com os membros da Comissão Permanente de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, nessa quinta-feira, 14 de março. Ele foi convidado pelos vereadores para explicar como a situação de abandono e a demanda de castração de animais são atendidas pela Prefeitura. A guarda foi responsável citada como alvo de ações de educação ambiental realizadas pelo Departamento de Proteção e Bem Estar Animal (DPBEA).
Somente em 2018, mais de 4 mil pessoas foram alcançadas pelas atividades de orientação, visitas monitoradas, palestras, capacitações e pelo projeto Guardião Nota 10. A educação é uma das frentes de trabalho desenvolvidas pelo Executivo, segundo Paulo Trigo. “Há duas vertentes, uma para a consequência do problema e outra para causa. A castração é uma das medidas. Mas a raiz do problema está no fato de que em algum momento a pessoa abandonou o animal. Então a castração abrange somente a consequência, mas não a causa. E a causa é a educação”, descreveu.
Diálogo
A Comissão Permanente de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara abriu um processo administrativo, a partir de demanda apresentada pela munícipe Ana Paula Xavier Fiuza que relatou casos de abandono e maus-tratos de animais em Limeira, principalmente em bairros da zona rural. Ela solicitou a fiscalização para a causa animal, argumentando que o município “não oferece política pública adequada para o controle populacional dos animais domésticos e em situação de rua” e “não realiza campanhas de castração (mutirão de castração) e conscientização da posse responsável”.
A vereadora Dra Mayra Costa, relatora do caso, explicou a importância de a Comissão convidar a Secretaria de Meio Ambiente para abordar o tema. “Temos que verificar como está a situação da castração e como o Município tem atendido essa demanda, além da questão do abandono, para intermediar um diálogo entre a Prefeitura, as pessoas e instituições engajadas na proteção animal e buscar soluções”, defendeu.
Sobre a proposta de intensificar o número de castrações, Paulo Trigo informou que a Prefeitura não tem condições de executar um programa que atenda toda a demanda. “E este não é um cenário que se restringe a Limeira, é algo que afeta todos os municípios. Seria necessário um número de atendimentos dez vez maior do que as cidades têm condições de operar. E mesmo os mutirões são delicados, porque ao atender centenas de animais, há o pós-operatório”, esclareceu.
O secretário foi enfático sobre a importância de ampliar os esforços para atacar a origem do problema: o abandono. “Não adianta atacar a consequência e castrar todos os animais se continuarmos tendo animais soltos, mesmo esses sem procriar”. Paulo Trigo ressaltou ainda que o Executivo tem dados sólidos, massivos, de educação ambiental contra o abandono. “Se alguém possui um animal, ele tem que zelar, porque é o abandono ou a posse irresponsável que vai permitir com que o animal se procrie. De fato é uma questão educativa”.
Ações
Também presente na reunião, a diretora do Departamento de Proteção e Bem Estar Animal (DPBEA), Cristiane Kucska Masutti, descreveu o projeto destinado para alunos da rede municipal de ensino. Em 2018, o público atingido chegou a 825 crianças instruídas que aprenderam, de forma lúdica, sobre a guarda responsável. “O foco é desenvolver a sensibilização para o cuidado animal”, citou.
Outra ação é a consulta educativa voltada para tutores de animais. O trabalho é feito em consultas veterinárias, no momento de espera do atendimento. No espaço de educação são trabalhados temas como controle de natalidade por meio da castração, vacinação, alimentação, higiene, serviços oferecidos e problemas gerados pelo excesso populacional de animais domésticos.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente, Wagner Barbosa (PSB), reforçou o compromisso dos vereadores em apoiar as ações de conscientização, por meio do Legislativo. “Seja indo às escolas, incentivando políticas públicas, interagindo com a Prefeitura e as entidades nas ações de proteção animal, além de fortalecer a legislação do município nesse sentido”.
Dados
No ano passado, foram realizadas 647 castrações de cães e gatos pela Prefeitura. Esse dado faz parte de relatório apresentado pelo DPBEA aos vereadores. O documento tem outras informações como o número de animais adotados (225) e microchipados (1777).