Levantamento traz dados referentes a todo o ano de 2017, além de nova abordagem sobre crianças e adolescentes
Dados referentes à violência contra a mulher em Limeira e outros grupos vulneráveis foram apresentados pela vereadora Erika Tank (PR) e pela consultora Amanda Marques de Oliveira, em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira, 26 de novembro. A atividade faz parte da programação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres da Câmara Municipal de Limeira.
O trabalho intitulado “O Perfil das Ocorrências Registradas na Delegacia de Defesa da Mulher de Limeira” compreende todo o ano de 2017. "Esses dados são extremamente importantes para pensarmos em políticas públicas a fim de combater a violência e encontrar os pontos falhos", avaliou a vereadora. Segundo a parlamentar, a pesquisa será levada à Rede Elza Tank, formada por diversas instituições de Limeira, entre elas, as instituições policiais, para adoção de medidas.
Para a consultora Amanda, a resolução dos problemas de violência contra a mulher passa por uma ação multifatorial. "Mas se você não tem uma caracterização dificulta ainda mais a adoção de medidas. A solução do problema passa também por uma ressignificação da relação entre o homem e a mulher", defendeu.
Dados
Em relação ao perfil das vítimas, a maioria são de mulheres jovens, atingindo mulheres de 20 a 49 anos (63%), sendo de 22% de 22 a 29 anos, 24% de 30 a 39 anos e 17% de 40 a 49 anos. A maior parte das ocorrências são de ameaça (29,5%), injúria (20,4%) e lesão corporal (16,72%).
Já a respeito da relação entre a vítima e o acusado, 21% teve uma relação amorosa e 18% ainda tem uma relação amorosa. Em 7% dos casos, a relação é profissional. Filho e vizinho representam 5% cada, enquanto pai, irmão e parente representa 3% cada.
Entre as ocorrências em que a vítima e o indiciado já tiveram relação amorosa, os principais motivos de agressão são a não aceitação do fim do relacionamento (22%) e a relação com os filhos (17%). Ciúmes representam 9% dos casos e ameaça de morte 8%. "Nesse caso, o final do relacionamento não representa o fim da violência, ao contrário, pode até significar um aumento já que é a principal categoria de indiciados", ressaltou a consultora técnica.
Já os principais tipos de agressão nesses casos em que relação amorosa já se encerraram são ameaça (37%), injúria (21%) e lesão corporal (16%). Os principais motivos das ocorrências entre vítimas e indiciados que mantêm relação amorosa são ameaça (35%), lesão corporal (27%) e injúria (19%). "Percebe que enquanto com os ex-parceiros as principais violências são agressão e ameaça, quando a pessoa está em um relacionamento boa parte da violência é de lesão corporal", comparou Amanda.
Idosos
A pesquisa também levantou dados em relação à violência contra idosos, sendo a maior parte das vítimas mulheres (89%) e uma menor parte e homens (11%). Os principais tipos de violência contra idosos são ameaça (32%), injúria (29%) e vias de fato (14%). Nesses casos, a maior parte dos agressores são familiares: filho (19%), relação amorosa (16%), filha (8%) e ex-genro (8%).
O principal motivo da agressão contra idosos, segundo o levantamento, são o uso abusivo de drogas e álcool (21%) seguido de questões financeiras e patrimoniais (18%), além de desentendimentos familiares (11%).
Crianças
O trabalho verificou ainda a violência que atinge crianças (de 0 a 11 anos), tanto meninas (61%) e meninos (39%), e chegou à conclusão que as principais agressões são estupro de vulnerável (19%) e abandono de incapaz (15%), além de maus-tratos (11%) e lesão corporal (9%).
Adolescentes
Já em relação aos adolescentes (12 a 17 anos) a violência também atinge homens (70%) e mulheres (30%), e as principais agressões são lesão corporal (21%) e ameaça (20%).
Pesquisa
Levantamento parcial foi apresentado ano passado, no entanto, desta vez, a pesquisa apresenta os dados do ano inteiro. O trabalho também contou com uma nova abordagem, na qual foram incluídos indicadores relativos a vítimas crianças e adolescentes. Foram analisados 2.884 boletins de ocorrência registrados em 2017.
Conforme a vereadora Erika, esses dados vão ajudar a tornar os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres em um período de reflexão nos vários eventos que vão ocorrer na Câmara e na cidade.
Programação
A campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher segue com programação até dia 10 de dezembro, com exposição temática aberta nesta segunda-feira, no intervalo da sessão. Cartazes em menção à violência contra a mulheres estão no Espaço Cultural Vereador Dr. Milton Ferrari, na Câmara, que fica na rua Pedro Zaccaria, 70, Jardim Nova Itália. O acesso é aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 8 às 18h.
No dia 28, das 8h às 16h, no Plenário Vereador Vitório Bortolan, ocorre o 2º Seminário da Rede Elza Tank, que discorrerá sobre o tema “A violência contra a mulher e os meios de enfrentamento”. Evento é aberto ao público.