"Minha missão é falar sobre o que temos a comemorar e a conquistar", diz Amanda Abreu
Em nome do Coletivo Voto Mulher, grupo feminista de Limeira de caráter suprapartidário, a psicóloga Amanda Abreu Silva usou a Tribuna Livre da Câmara, nesta segunda-feira, 6, para falar da luta das mulheres pelo aumento da representatividade feminina na política. "Minha missão nessa semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher é falar sobre nós mulheres, é falar sobre o que temos a comemorar, mas muito mais falar sobre o que temos a conquistar", resumiu.
Em seu pronunciamento, Amanda destacou uma das principais conquistas das mulheres no âmbito político brasileiro. Há 85 anos, comemorado em 24 de fevereiro, as mulheres conquistaram o voto feminino. "Mas de lá para cá as pautas permanecem as mesmas", disse.
A representante do Coletivo Voto Mulher apresentou ainda dados "alarmantes" sobre a representatividade da mulher na política brasileira. "Nós mulheres somos mais de 50% da população brasileira e ocupamos apenas 14% das cadeiras no Senado Federal e 10% na Câmara dos Deputados", disse. Em relação às câmaras municipais, segundo Amanda, as mulheres ocupam 13% das vagas.
Amanda informou ainda que, de acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral, somente 11,57% das cidades brasileiras elegeram prefeitas. E, em todo o país, existe apenas uma governadora.
"Quando ousamos pensar num país onde haja Justiça na representatividade, quando olhamos para nossa Câmara de Vereadores, com todo respeito pelos senhores vereadores eleitos, entendemos que nesta Casa de Lei deveria haver não só cinco vereadoras, mas onze mulheres", apontou Amanda.
O tratamento diferenciado entre homem e mulher no mercado de trabalho foi outro ponto de vista abordado pela representante do coletivo feminista. Segundo ela, as mulheres trabalham mais que o homem, apesar de receber salários 30% menores. "Além disso, sabemos que as mulheres são as maiores responsáveis pelas tarefas domésticas e cuidados com crianças, doentes e idosos."
A violência contra a mulher, no dia-a-dia, também foi tema de pronunciamento. O fantasma da violência de gênero é refletido, assegura Amanda, na violência sexual dentro de casa e no impedimento do direito de ir e vir.
A oradora ainda buscou desmistificar o conceito de feminismo. "Essa palavra, que gera desconforto, nada tem a ver com guerra entre os sexos ou subjugar os homens, mas tem a ver com igualdade", explicou. "Feminismo é reconhecer que mulheres e homens são diferentes, mas devem possuir os mesmos direitos." Outro termo usado pelo movimento, explicou Amanda, é "empoderamento", que significa o ato de conceder o poder de participação social às mulheres, garantindo que possam estar cientes sobre a luta pelos seus direitos.
Por fim, ela convocou os homens e as mulheres públicas para enfrentar a discriminação e buscar a igualdade. "Para abordar a igualdade entre mulheres e homens é preciso ter coragem, pois mudanças culturais são dolorosas e desconfortáveis", defendeu. O papel dos políticos e das políticas é fundamental, afirmou, para que existam leis e políticas públicas que melhorem as relações sociais existentes. "Nós mulheres não queremos deferência ou flores, queremos respeito e igualdade."