A corregedora da Câmara Municipal de Limeira, Dra. Mayra Costa (PPS), ouviu na manhã desta terça-feira, 19, testemunhas do inquérito administrativo que corre no órgão referente à utilização de veículo oficial pelo vereador Ronei Martins (PT) à época em que era presidente da Câmara, durante período de campanha eleitoral. Além de Ronei, foram ouvidos Marcos Antonio das Neves, que apresentou a denúncia ao Ministério Público, Sérgio Paulo Altimari Olivati, da Frente Unicidade, e Douglas Diogo dos Santos, que atuava como chefe de gabinete da Presidência do Legislativo quando ocorreu o fato.

Neves foi o primeiro a ser ouvido e declarou que faz parte de um grupo que está sempre atento ao que acontece nas redes sociais e em Limeira, e quando soube do fato de possível uso de veículo oficial para fins eleitorais, se achou no dever de tomar alguma atitude. No seu depoimento, ele afirmou que registrou fotografias e comunicou autoridades competentes ao observar cavaletes e propagandas irregulares de campanha. Neves contou ainda que teve ciência do uso do veículo oficial por meio dos sites da Câmara e da Frente Unicidade. “No site transparência constava a viagem a Piracicaba na Esalq, porém não constava o motivo da viagem, e no site da Unicidade constava expressamente o objetivo de tal reunião de cunho político”, completou.

Depois dele, Olivati foi ouvido e explicou que sua função era estar acompanhado os candidatos da região, bem como suas proposições, além de fazer postagens. Ele garantiu que foi ele o responsável em postar a matéria da Frente Unicidade. Na sequência, Santos disse que, na data da viagem, foram (ele e Ronei) até a Esalq com o veículo Gol da Câmara, sendo que ele que dirigia o veículo. “A conversa da reunião foi a regularização do assentamento Elizabeth Teixeira”, pontuou.

Na condição de chefe de gabinete da Presidência, cargo que ocupava na época, foi o responsável pela solicitação do veículo para a viagem. “Todos os procedimentos de solicitação do veículo foram observados. Ronei sempre foi muito rigoroso nos agendamentos com o motivo e o objetivo das reuniões”, completou. Santos esclareceu que não requereu motorista da Câmara para a viagem pois havia uma norma que solicitava o agendamento prévio de pelo menos 24h junto aos motoristas. “A reunião foi confirmada no mesmo dia”, finalizou.

O último a ser ouvido pela Corregedoria na manhã desta terça-feira foi Ronei Martins. “Na reunião, falamos sobre diversos temas, desde a escassez da água, assentamento, já que na época representava o Parlamento Regional. A pauta prioritária era o MST, mas surgiram vários assuntos”, falou.

Segundo Ronei, o Plano de Assentamento Sustentável foi desenvolvido pela Esalq, coordenado pelo professor Paulo Yoshio Kageyama, que estava presente na reunião. “Gostaríamos de introduzir esse plano no Elizabeth Teixeira, visto as condições desumanas dos moradores dali”, explicou.

No depoimento, Ronei contou que não esperava que a presença de Sérgio, da Unicidade, causasse tanta polêmica, visto que as reuniões são públicas. “O professor Paulo Yoshio Kageyama jamais me autorizaria ir até sua escola fazer campanha política. Nessa reunião, não obtive nenhum bônus político. Qualquer candidato não tem controle sobre o que faz terceiros”, concluiu.

Agora, Ronei, no prazo de cinco dias, deve oferecer suas alegações finais à Corregedoria. Somente depois desse procedimento, e após estudos de toda a documentação que está no processo, é que Dra. Mayra Costa (PPS) apresenta seu parecer. “Os depoimentos são sempre fundamentais para qualquer investigação, porque esclarecem dúvidas e também dão a chance, para os envolvidos, de apresentarem suas versões sobre as situações. As testemunhas ouvidas nesta manhã contribuíram para que pudéssemos avançar com essa apuração”, opinou a corregedora.